Redes Sociais na Web: Conceitos, Dinâmicas e Estatísticas

Contextualização

Redes sociais podem ser entendidas como uma manifestação colectiva de um agrupamento de pessoas em cidades, bairros, grupos de pessoas que apresentam interesses comuns e se relacionam de uma forma organizada em espaços que podem ser  naturais, urbanos e, até mesmo, em ambientes digitais. Essa organização geralmente gira em  torno de um problema, tema ou interesse comum e constituiu-se em um meio de sobrevivência para os grupos e a necessidade de desenvolver uma organização social entre indivíduos que vivem coletivamente. É assim que as redes e as organizações em grupos sociais estão presentes na história da humanidade desde à séculos, representando as conexões entre as pessoas  em busca de soluções para problemas coletivos e para a convivência nos mais diferentes ambientes sociais entre pessoas que apresentam as mesmas convicções em assuntos determinados.

Redes sociais na Web

Com o advento do desenvolvimento tecnológico e o surgimento de novas tecnologias notou-se a migração do modelo das redes sociais para o mundo virtual. O mesmo significa que as estruturas constituídas por pessoas ou organizações que partilham interesses, motivações, valores e objectivos comuns permanecem as mesmas mas já de uma forma virtual. Considerando o uso do termos “redes sociais” na língua portuguesa, vemos que esta designação para engloba todos os meios e podem ter utilizações e finalidades diferentes que podem sofrer alterações consoante a actualização e evolução

das ferramentas.

Hoje o conceito de redes sociais evoluiu bastante. Com a internet, quando falamos da redes sociais, dificilmente imaginamos as redes da sociedade criadas tradicionalmente. Imaginamos as redes no ambiente Digital.

Portanto, Redes sociais existem desde tempos remotos. A novidade está no suporte em que assentam, estabelecendo-se não em espaços físicos, mas sim em meios virtuais. (Santos, 2010).

Estes autores, Meira et.al (2011) afirmam que as redes sociais na internet no mundo conheceram ou conhecem 3 gerações:

Na primeira geração, as redes sociais eram sistemas baseados em comunicação pessoal. Nesses sistemas são criados grupos de contactos para o envio de mensagens (instant messages). ICQ e MSN são exemplos dentre os principais sistemas da primeira geração de redes sociais.

Na segunda geração, as redes sociais na internet procuram alcançar o objectivo de representar as redes sociais “reais” em um ambiente virtual. Sistemas como Orkut, Friendster, Facebook e LinkedIn. Estas redes obtiveram sucesso em formalizar estes relacionamentos.

Na terceira geração, o conceito de redes sociais evoluiu para sistemas de criação e aquisição de experiências. Toma-se se exemplo, o Facebook, Orkut, LinkedIn e MySpace que para além de serem simples plataformas de troca de mensagens, essas redes passaram a auxiliar a resolução de problemas do “mundo real” tais como:

⮚      Armazenar e trocar experiências: trocar experiências entre pessoas que vivem situações semelhantes, mas em simultâneo vivem ou trabalham em locais distintos.

⮚      Gerenciar o conhecimento: armazenar e difundir o conhecimento de uma organização por meio de um ambiente de aprendizagem e inovação constante.

⮚      Manter a memória organizacional: guardar factos que aconteceram durante a existência de uma organização. Tal memória possibilita entender quais decisões do passado afectam o presente, e como a organização agiu anteriormente em face aos problemas ou situações semelhantes.

⮚      Reproduzir e gerar conexões entre pessoas e organizações: conectar pessoas, ainda que desconhecidas no presencial, para estabelecer parceria e colaboração.

⮚      Estabelecer relacionamento entre as organizações e clientes: monitorar opiniões, solucionar problemas, prestar esclarecimentos, interagir e estabelecer novas formas de relação.

 

Fonte: Santos (2010)

Vivemos, hoje, num mundo interconectado, que utiliza a tecnologia da informação para difundir e modificar a forma de comunicação de todos os envolvidos e possibilita a acessibilidade da informação de uma forma igualitária, tendo um salto qualitativo nunca visto em outros meios de comunicação. Estas características das novas tendências sociais, denomina-se sociedade em rede. Não que antes a sociedade não estivesse interligada em redes. Mas a internet, quando traz novos paradigmas, ao vencer as barreiras de tempo e espaço, massifica e trás evolução no conceito de redes sociais.

Estas novas redes sociais, são formadas dentro daquilo que se chama das novas Mídias que são  mídia fora dos meios tradicionais: rádio, jornal, televisão, revista, mídia exterior, ou seja, um novo meio de comunicação.

Esses novos sistemas online são projectados para permitir a interacção social a partir do compartilhamento e da criação colaborativa de informação nos mais diversos formatos. O surgimento desses sistemas deu-se devido o advento da Web 2.0 que, segundo Santos (2010) se baseia na ideia de inteligência colectiva, trabalhando numa rede colaborativa e de cooperação, livre consumidora e produtora de informação e conhecimentos.

 

O que diferencia as redes sociais reais das virtuais?

De acordo com Santos (2010), as características como a persistência (pelo facto de a informação online não poder ser eliminada por quem a acede, a não ser o autor), pesquisabilidade (a informação pode ser acedida por qualquer pessoa, em qualquer tempo ou espaço), replicabilidade (o controle da propriedade intelectual passa a ser difícil, pois a informação pode ser utilizado para fins distintos dos originais) e invisibilidade (em muitos casos desconhecemos os indivíduos que partilham a informação) permitem diferenciar as redes sociais virtuais das reais.

 

O uso da internet e das redes sociais Digitais em Moçambique e no mundo

Ainda a se ressentir da guerra civil, Moçambique aderiu à rede de internet em 1992, tornando-se no terceiro país em África a se conectar com o mundo, atrás da África do Sul e do Egipto. Por ter sido um dos pioneiros na adesão à rede mundial de computadores (WWW) o país tornou-se conhecedor da matéria, tendo ajudado outros países da região tal como é o caso da Tanzânia na montagem da sua rede de internet. Os primeiros serviços de Internet foram fornecidos pelas Telecomunicações de Moçambique[1] em 1992, e depois pelo Centro de Informática da Universidade Eduardo Mondlane, CIUEM[2], em 1993.

Volvidos oito (8) anos, Moçambique possuía até ao ano 2000, vinte e dois mil e quinhentos usuários de internet. Número que em 2017 já alcançava a cifra de 200 mil (Indexmundi, 2022). De acordo com o IV Recenseamento Geral da População de 2017, o acesso a Internet triplicou de 2007 a 2017, saindo de 2,7% para 6,6% da população ligada à rede mundial. A maior parte dos moçambicanos com acesso a internet vive na província de Maputo. E a maior parte dos internautas se conecta por meio do telemóvel e os restantes por computador ou tablet (INE, 2017).

Entretanto, esses dados demonstram a fraca penetração dos serviços que são considerados preponderantes para o desenvolvimento das comunidades globais com o uso das TIC’s. Ou seja, o país está fora da lista dos 10 países com maior acesso à internet para a população ao nível do continente, apesar de ter sido um dos três que aderiu pela primeira vez o acesso à www.

No site da DATAREPORTAL[1] , encontramos um relatório publicado em 2021, que  contém as estatísticas mais recentes (2021) da Internet. São estatísticas móveis e estatísticas de mídia social para Moçambique.

No geral, os dados revelam um crescimento rápido de usuários da internet no país. Por exemplo, de 2020 para 2021, o número de utilizadores de internet aumentou em  1,4 milhões de pessoas.

Em Moçambique, existem cerca de 6.7 milhões de utilizadores de internet. Este número é equivalente a 9.5 % da população.

Do total de 6,7 milhões com acesso à internet, 3 milhões de cidadãos moçambicanos usam  media sociais. O mesmo relatório indica que o número de utilizadores de redes sociais em Moçambique aumentou em 500 mil  entre 2020 e 2021.

 

Número de usuários de internet e de medias socais no mundo até o início de 2021

De acordo com o Site DATAREPORTAL, em todo mundo, mais de 60% da população total  usa internet:

  • Até o início de 2021 existiam no mundo 4,72 bilhões de usuários de internet. O mesmo relatório[2] indica que no mundo existem mais de 4,2 bilhões de usuários de media sociais.
  • Cerca de 332 milhões de pessoas acessaram a Internet pela primeira vez no ano passado, elevando o crescimento de usuários da Internet acima de 7,5%.
  • Até o início de 2021, tínhamos 5,22 bilhões de pessoas que usam um telefone. O que equivale a 66,6% da população total do mundo.

 

 

Fonte: DATAREPORTAL (2021)

 

A figura abaixo mostra a evolução do número de usuários de internet no mundo, de 2016 à 2021.

Fonte: DATAREPORTAL (2021)

Embora estes números impressionantes sejam motivo de optimismo, é importante lembrar que cerca de 40% da população total do mundo permanece offline.

 

Dinâmicas das redes sociais

De acordo com Recuero (2009), o primeiro elemento que é trazido para o estudo das redes sociais como elemento dinâmico é o aparecimento da cooperação da competição e do conflito como processos sociais que influenciam a rede.

A autora afirma que a cooperação é o processo formador das estruturas sociais.

Sem cooperação não há sociedade. Esta componente pode ser gerada pelos interesses individuais, pelo capital social envolvido e pelas finalidades do grupo.

Já a competição diz respeito à luta, mas não à hostilidade. A competição pode, por exemplo, gerar cooperação entre os actores de uma determinada rede, no sentido de tentar suplantar os actores de outra.

No que diz respeito ao conflito, os autores afirmam que pode gerar hostilidade, desgaste e ruptura da estrutura social. Este fenómeno é, muitas vezes, associado à violência e à agressão. Para que exista a competição, não é necessário um antagonismo concreto, enquanto no conflito, sim.

As relações sociais podem ser constituídas de interacções de natureza diversa e cooperação, a competição e o conflito são fenómenos naturais emergentes das redes sociais.   É importante realçar que cada um desses processos tem, assim, impacto diferenciado na estrutura social. Por um lado, enquanto a cooperação é essencial para a criação e a manutenção da estrutura, o conflito contribui para o desequilíbrio.  Por outro, a competição, age no sentido de fortalecer a estrutura social, gerando cooperação para atingir um fim comum, proporcionando bens colectivos de modo mais rápido. (Recuero, 2009)

 

Considerações finais

O surgimento da internet trouxe novos paradigmas, ao vencer as barreiras de tempo e espaço, massificando e trazendo a evolução no conceito de redes sociais. A internet foi o marco de transição que assinalou a passagem das redes sociais tradicionais para as redes sociais contemporâneas, onde elas são o foco da teia de relacionamentos.

Importa, no entanto, salientar que o advento da internet, e posteriormente o surgimento da Web 2.0, não foram os responsáveis pelo surgimento das redes sociais, visto que estas, sempre existiram, pois a vivência social dos indivíduos em si, pressupõe naturalmente o estabelecimento de redes sociais/teias de relacionamentos, que no caso anterior ao surgimento das redes sociais contemporâneas ( desenvolvidas em ambiente virtual), eram estabelecidas num plano físico, obedecendo a características distintas das actuais.

As redes sociais, são como é possível notar ao longo de todo o trabalho, um grande mecanismo de comunicação social que vem ganhando cada vez mais espaço a nível mundial e atingindo a cada vez mais camadas sociais, devido às suas características (fácil acesso e aprendizagem ao manuseio, vasto alcance, diversidade, entre outras), fazendo com que a visibilidade e importância que estas ocupam na sociedade, torna-se de cada vez mais destaque, pelo que representam, desta forma, um mecanismo cujos profissionais de comunicação necessitam de inteirar-se mais, a fim de buscar meios de exploração, estratégicos, destas plataformas, a favor dos seus interesses profissionais com vista a abarcar o público que tem estas redes como veículos de predileção para o seu exercício de informação, entretenimento e/ou formação.

 

Bibliografia

Santos, Hermínia. (2010). Redes Sociais: Conceitos, Tecnologias e Desafios.  Nova Etapa.

Silvio Meira, Sílvio;  Costa, Ricardo;  Jucá, Paulyne;  Silva, Edeilson. (2011).  Redes Sociais. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:5hy_mJpRFXwJ:https://sistemascolaborativos.uniriotec.br/wp-content/uploads/sites/18/2019/06/SC-cap04-redesociais-apresentacao.ppt+&cd=2&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=mz.

Recuero, Raquel (2009). Redes Sociais na Internet. Editora Meridional. Porto Alegre.

Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Raquel-Recuero/publication/259328435_Redes_Sociais_na_Internet/links/0c96052b036ed28f4d000000/Redes-Sociais-na-Internet.pdf.

Acesso: 24.01. 2022.

http://www.ine.gov.mz/iv-rgph-2017/mocambique/14-tecnologia/quadro-61a-populacao-por-uso-de-internet-nos-ultimos-3-meses-segundo-area-de-residencia-por-provincia-mocambique-2017.xlsx/view

[1] https://datareportal.com/reports/digital-2021-mozambique

[2] https://datareportal.com/reports/digital-2021-global-overview-report

 

 

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